sábado, 1 de agosto de 2015

1º de agosto é comemorado o Dia do Poeta da Literatura de Cordel!

No dia 1º de agosto é comemorado o Dia do Poeta da Literatura de Cordel! Originária de Portugal, a literatura de cordel é um gênero literário popular que se espalhou pelo Nordeste brasileiro no século XIX e que hoje se faz presente também em outras regiões do país. Com grande importância para a manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais, os poemas são geralmente rimados e ilustrados com xilogravuras. Conheça mais sobre este gênero literário em: http://abr.ai/1ghbg7R 
- A arte da escrever bem com a literatura de cordel
 
Francisca e os alunos com o varal de cordéis: literatura ao alcance de todos. Foto: Drawlio Joca
Meus senhores e senhoras,
Que aqui estão presentes
Queiram ouvir um cantor
Que propala simplesmente
Palavras da ignorância
Do tempo de sua infância
Da classe dos inocentes


 





Esses versos são de Neco Martins, cordelista e cantador. Ou melhor, de Manoel de Oliveira Martins, fazendeiro que fundou, no fim do século 19, São Gonçalo do Amarante, a 60 quilômetros de Fortaleza. Nem a origem da cidade nem os cordéis de Neco, reunidos e preservados pela família, conseguiram impedir que essa tradição perdesse a força com o tempo. Um século depois, no entanto, a professora Francisca das Chagas Menezes Sousa levou os moradores de Cágado distrito rural de São Gonçalo onde está localizada a EEF João Pinto Magalhães a procurar entre seus guardados os antigos livretos. O material se tornou uma preciosa fonte de pesquisa para a turma de Francisca, que, com o projeto Cordel: Rimas que Encantam, conquistou o título de Educadora do Ano no Prêmio Victor Civita 2006.

Durante os três meses em que estudaram essa arte, os 45 alunos de 8ª série aprenderam que a língua falada é diferente da língua escrita e que a variação da fala, tão comum no país, precisa ser respeitada. Na hora de escrever, no entanto, é necessário seguir uma norma-padrão.

Os alunos de Chaguinha, como é mais conhecida (leia o quadro), tinham dificuldade de inferir as idéias de um texto e a escrita deles era carregada de marcas da oralidade. Filhos de pais analfabetos ou semi-analfabetos, não têm em casa incentivo para a leitura. A professora percebia a dificuldade deles em diferenciar a linguagem popular da linguagem escrita."Apostei nos poemas de cordel, tão próximos das histórias contadas por pais e avós", conta. "Ao valorizar a cultura popular, Francisca conseguiu levar a turma a reconhecer e legitimar o mundo letrado", explica a consultora Heloisa Cerri Ramos (leia mais no quadro).

Em uma roda de conversa, Chaguinha avaliou o que os alunos já tinham ouvido falar sobre cordel e pediu que eles pesquisassem mais sobre o tema. Como o acervo da escola é pequeno, foram à biblioteca na sede do município. Lá, encontraram várias publicações que tratam da temática do projeto e também conheceram obras como O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Um dos garotos descobriu um livro de Neco Martins, o fundador da cidade, que ninguém sabia ser cordelista, e outro sobre Patativa do Assaré.

Aos poucos, os mais desconfiados se interessaram pelo tema. "Eu achava que era enrolação. Para mim, a gente precisava de aula de Português", lembra Francisca Rosiane Barroso Lima, 15 anos. Mas não demorou para ela perceber que aquilo era aula, sim, e das boas! Ainda mais quando todos foram ao Centro Vocacional Tecnológico pesquisar na internet. Depois de explicações josobre o funcionamento dos computadores - a maioria nunca tinha usado -, um mundo de informações se abriu. Alguns textos, como biografias de autores e vários cordéis, acabaram sendo impressos para serem estudados depois na escola. 

Imagem: impressos de literatura de cordel à venda/Autor: Diego Dacal/Fonte: Wikimedia Commons
 




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