No
dia 1º de agosto é comemorado o Dia do Poeta da Literatura de Cordel!
Originária de Portugal, a literatura de cordel é um gênero literário
popular que se espalhou pelo Nordeste brasileiro no século XIX e que
hoje se faz presente também em outras regiões do país. Com grande
importância para a manutenção das identidades locais e das tradições
literárias regionais, os poemas são geralmente rimados e ilustrados com xilogravuras. Conheça mais sobre este gênero literário em: http://abr.ai/1ghbg7R
- A arte da escrever bem com a literatura de cordel

Meus senhores e senhoras,
Que aqui estão presentes
Queiram ouvir um cantor
Que propala simplesmente
Palavras da ignorância
Do tempo de sua infância
Da classe dos inocentes
Que aqui estão presentes
Queiram ouvir um cantor
Que propala simplesmente
Palavras da ignorância
Do tempo de sua infância
Da classe dos inocentes
Esses
versos são de Neco Martins, cordelista e cantador. Ou melhor, de Manoel
de Oliveira Martins, fazendeiro que fundou, no fim do século 19, São
Gonçalo do Amarante, a 60 quilômetros de Fortaleza. Nem a origem da
cidade nem os cordéis de Neco, reunidos e preservados pela família,
conseguiram impedir que essa tradição perdesse a força com o tempo. Um
século depois, no entanto, a professora Francisca das Chagas Menezes
Sousa levou os moradores de Cágado distrito rural de São Gonçalo onde
está localizada a EEF João Pinto Magalhães a procurar entre seus
guardados os antigos livretos. O material se tornou uma preciosa fonte
de pesquisa para a turma de Francisca, que, com o projeto Cordel: Rimas
que Encantam, conquistou o título de Educadora do Ano no Prêmio Victor
Civita 2006.
Durante os três meses em que estudaram essa arte, os 45 alunos de 8ª série aprenderam que a língua falada é diferente da língua escrita e que a variação da fala, tão comum no país, precisa ser respeitada. Na hora de escrever, no entanto, é necessário seguir uma norma-padrão.
Os alunos de Chaguinha, como é mais conhecida (leia o quadro), tinham dificuldade de inferir as idéias de um texto e a escrita deles era carregada de marcas da oralidade. Filhos de pais analfabetos ou semi-analfabetos, não têm em casa incentivo para a leitura. A professora percebia a dificuldade deles em diferenciar a linguagem popular da linguagem escrita."Apostei nos poemas de cordel, tão próximos das histórias contadas por pais e avós", conta. "Ao valorizar a cultura popular, Francisca conseguiu levar a turma a reconhecer e legitimar o mundo letrado", explica a consultora Heloisa Cerri Ramos (leia mais no quadro).
Em uma roda de conversa, Chaguinha avaliou o que os alunos já tinham ouvido falar sobre cordel e pediu que eles pesquisassem mais sobre o tema. Como o acervo da escola é pequeno, foram à biblioteca na sede do município. Lá, encontraram várias publicações que tratam da temática do projeto e também conheceram obras como O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Um dos garotos descobriu um livro de Neco Martins, o fundador da cidade, que ninguém sabia ser cordelista, e outro sobre Patativa do Assaré.
Aos poucos, os mais desconfiados se interessaram pelo tema. "Eu achava que era enrolação. Para mim, a gente precisava de aula de Português", lembra Francisca Rosiane Barroso Lima, 15 anos. Mas não demorou para ela perceber que aquilo era aula, sim, e das boas! Ainda mais quando todos foram ao Centro Vocacional Tecnológico pesquisar na internet. Depois de explicações josobre o funcionamento dos computadores - a maioria nunca tinha usado -, um mundo de informações se abriu. Alguns textos, como biografias de autores e vários cordéis, acabaram sendo impressos para serem estudados depois na escola.
Durante os três meses em que estudaram essa arte, os 45 alunos de 8ª série aprenderam que a língua falada é diferente da língua escrita e que a variação da fala, tão comum no país, precisa ser respeitada. Na hora de escrever, no entanto, é necessário seguir uma norma-padrão.
Os alunos de Chaguinha, como é mais conhecida (leia o quadro), tinham dificuldade de inferir as idéias de um texto e a escrita deles era carregada de marcas da oralidade. Filhos de pais analfabetos ou semi-analfabetos, não têm em casa incentivo para a leitura. A professora percebia a dificuldade deles em diferenciar a linguagem popular da linguagem escrita."Apostei nos poemas de cordel, tão próximos das histórias contadas por pais e avós", conta. "Ao valorizar a cultura popular, Francisca conseguiu levar a turma a reconhecer e legitimar o mundo letrado", explica a consultora Heloisa Cerri Ramos (leia mais no quadro).
Em uma roda de conversa, Chaguinha avaliou o que os alunos já tinham ouvido falar sobre cordel e pediu que eles pesquisassem mais sobre o tema. Como o acervo da escola é pequeno, foram à biblioteca na sede do município. Lá, encontraram várias publicações que tratam da temática do projeto e também conheceram obras como O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Um dos garotos descobriu um livro de Neco Martins, o fundador da cidade, que ninguém sabia ser cordelista, e outro sobre Patativa do Assaré.
Aos poucos, os mais desconfiados se interessaram pelo tema. "Eu achava que era enrolação. Para mim, a gente precisava de aula de Português", lembra Francisca Rosiane Barroso Lima, 15 anos. Mas não demorou para ela perceber que aquilo era aula, sim, e das boas! Ainda mais quando todos foram ao Centro Vocacional Tecnológico pesquisar na internet. Depois de explicações josobre o funcionamento dos computadores - a maioria nunca tinha usado -, um mundo de informações se abriu. Alguns textos, como biografias de autores e vários cordéis, acabaram sendo impressos para serem estudados depois na escola.
Imagem: impressos de literatura de cordel à venda/Autor: Diego Dacal/Fonte: Wikimedia Commons
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